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domingo, 21 de outubro de 2012

Admirável mundo novo...

     Adentrar este mundo EAD foi uma experiência e tanto. É como sair de um microcosmo para um macrocosmo: muita tecnologia, muita gente conectada, muita discussão sobre educação, é tudo muito. Nele, menos não é mais. Inclusive a velocidade, não só de conexão, mas de informação.
     Cursar EAD exige, sem dúvida, competência técnica e tecnológica. Ainda que as páginas sejam elaboradas para facilitar a vida do aluno e os ambientes virtuais sejam planejados ( o nosso veio direto do Google! ) percebi que muitos sofrem mais pelo uso do computador do que pelas exigências do curso. Se pensarmos que  grande parte deste público é de migrantes digitais, fica fácil perceber que é fundamental um bom suporte técnico para que não desanimem em função de uma ferramenta cujo intuito é facilitar a nossa vida. Basta pensarmos que todos (no sentido literal) são egressos da educação presencial que se compreende a ruptura de paradigmas que ocorre, sobretudo, no início do curso.
     Muito se fala que o aluno EaD precisa de responsabilidade para se autogerir no processo de aprendizagem, pois agora ele é o seu próprio "fiscal", determinando o calendário conforme suas necessidades. Sabe-se que muitos desistem pela incapacidade de gerenciar o próprio tempo e suas prioridades, sobretudo em  cursos totalmente a distância (exceto pelas avaliações). Liberdade exige responsabilidade, e só vence aquele que persiste.
     Entretanto, é preciso que se discuta quanto desta evasão ocorre pela dificuldade em lidar com a tecnologia. Neste ponto, o papel do tutor é essencial, pois é ele que dá o suporte a este aluno que não possui os pré-requisitos para um mundo digital, mas que busca o aprendizado e tem coragem de encarar a evolução da educação. Mais do que técnico, o tutor é o seu amigo on-line, e é preciso confiar nele para estabelecer uma parceria, sabendo que estar distante não significa estar sozinho.
     Este admirável mundo novo exige que sejamos resilientes, pois a diversidade tecnológica, que tantos benefícios nos traz, pode ser um empecilho quando não percebemos que compartilhar dificuldades é uma forma de vencê-las, pois em um mundo globalizado sempre haverá ajuda (mesmo que a distância).

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Novos paradigmas

     Este texto marca o encerramento da primeira etapa do meu curso de pós-graduação em Metodologias da Educação a Distância. Um curso que comecei de forma um tanto cética e pelo qual acabei me apaixonando, pois mudou completamente minha visão sobre a educação atual.
     Assim como muitos, minha visão da EaD era limitada, eu a via como uma metodologia que não possuía um grande compromisso com a qualidade, mas que possibilitava ao aluno uma maior independência e flexibilidade. Foi grande e grata a minha surpresa ao conhecer o material e a estrutura do curso e perceber a excelente qualidade de ambos. Ao acessar material na internet sobre educação a distância, deparei-me com muita coisa, desde a história, depoimentos e oferta de cursos a distância. Mas o mais significativo foi poder integrar a grande discussão que há sobre esta metodologia: ela se caracteriza por estar em constante aprimoramento, não só no uso das novas tecnologias mas mesmo na sua concepção pedagógica. Ao contrário da educação presencial, que ainda está presa a noções tradicionais (quadro-giz-professor) a EaD é chamada de educação aberta exatamente por evoluir constantemente, aceitando e utilizando a modernidade a seu favor. A tão buscada autonomia do aluno na sala de aula presencial já é condição da educação a distância há muito tempo e a hierarquia rígida professor-aluno diluiu-se no processo em que o primeiro atua como mediador e tutor do segundo.
     Ao pesquisar e participar de blogs de EaD, percebe-se o grande número de pessoas que ela atinge, sem quaisquer distinções: a única condição fundamental é que tenham acesso à internet e o desejo de aprender. A oferta de cursos gratuitos é grande, a disponibilização de e-books e mesmo de aulas de renomadas universidades é uma realidade neste mundo virtual, contribuindo para o processo de aprendizagem em todas as áreas do conhecimento. Em contraponto ao curso tradicional, o aluno tem a sua disposição um infinidade de materiais de pesquisa em tempo real, sem a necessidade de carregar livros ou de gastar com cópias, economizando, inclusive,  recursos naturais.
     Em minhas pesquisas, foram raros os relatos contrários à EaD; o que se busca é a qualidade destes cursos que possuem, inclusive, uma fiscalização do governo, que estabelece normas rígidas para garantir esta qualidade. Fala-se, sim, na resistência de alguns setores em relação às graduações a distância, visto serem elas uma "novidade" para muitos (muito embora a EaD, só no Brasil, já tenha mais de 70 anos)  mas sabe-se pelas pesquisas que alunos egressos de cursos a distância têm desempenho igual ou melhor do que os demais.
     Uma das propostas do curso foi de que seguíssemos dois blogs de EaD por dois meses e os blogs que escolhi foram http://www.educacaoadistancia.blog e http://www.eadaqui.com.br/blog.
     O primeiro é muito rico: fala de legislação, da história, dá dicas de cursos e eventos e disponibiliza e-books. Tem colocações muito interessantes como "EaD deixou de ser tendência" e a expressão "sair do gerúndio", ao dizer que é necessário que se façam mudanças efetivas na educação brasileira. São posts atualizados, notícias,  aulas da USP disponibilizadas e foram várias a discussões das quais participei através de comentários.
     O segundo tem uma postura crítica, mas não menos interessante. Cita João Mattar com o seu "impostutor" e dá dicas de vídeos no youtube sobre EaD. Ele também discute o papel das redes sociais na educação a distância, o uso de games na educação e é muito prolífico na diversidade de seus posts. Fala também da campanha "Educação não é fast-food", lançada em 2011 e que contestava a graduação em Serviço Social sem a interação e socialização, além de debater o que chamou de "processo de mercantilização da educação". É, portanto, um espaço extremamente democrático de discussão e reflexão sobre a EaD.
     Estas leituras foram fundamentais para a mudança da minha postura e para o enriquecimento da minha aprendizagem. Ter à disposição material tão variado e poder interagir com ele foi o que contribuiu de forma significativa para que este blog surgisse e contribuísse, ainda que de forma tímida, para  disseminação da EaD como uma forma moderna, dinâmica e valiosa de educação democrática. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O poder da palavra

     Quem ensina a língua sabe, mais do que ninguém, o poder e a importância da palavra: nenhuma palavra é malquista ou malvista, desde que bem usada. Escolher a palavra exata, a expressão fiel, o sinônimo perfeito (não existem sinônimos perfeitos, diriam os estudiosos) pode ser a diferença entre um argumento razoável e uma colocação brilhante. Ela é a nossa arma mais letal, seja na fala ou na escrita.
     No estudo da história da educação a distância, chamam a atenção algumas expressões que descrevem com perfeição o processo de evolução pelo qual passa a EaD e a visão que se tem, mundialmente, desta metodologia.
     A primeira expressão é muito significativa: a educação a distância é denominada de "educação aberta". Fica clara nesta concepção a mudança de paradigma que ela oferece se comparada ao ensino tradicional, o que se denomina, na língua inglesa, de "click universities" (universidades abertas) em contraponto às "brick universities" (universidades de tijolos). Este jogo de palavras descreve de forma concisa e brilhante a diferença entre as duas modalidades de ensino. No Brasil, inclusive, existe a Universidade Aberta, que reúne as instituições que oferecem cursos a distância e oferece suporte a elas.
     Há também a denominação deste novo modelo de "professor": ele passa de sage on the stage (sábio no palco) para guide on the side (guia ao lado). Também muda este paradigma e o professor, antes detentor do conhecimento, torna-se mediador do processo, ele agora é um tutor, e os limites hierárquicos se diluem já na interpretação desta denominação: o mestre torna-se aliado.
     Ainda sobre o tutor, João Mattar (fera em EaD) fala sobre um tipo específico: o impostutor. Com este divertido neologismo, ele chama a atenção para o profissional que dá assistência ao aluno de EaD, mostrando que ele deve dominar as TIC's (tecnologias da informação e comunicação) além de ser habilitado na área em que irá atuar.
     Estas são, portanto, algumas das expressões curiosas e preciosas utilizadas para dar nome aos elementos envolvidos no processo de educação a distância, mostrando que a escolha da palavra exata é fundamental para que nos façamos entender e possamos divulgar nossas ideias, pois o discurso, seja no mundo real ou virtual, ainda é uma das maiores qualidades humanas.

domingo, 7 de outubro de 2012

Por que EAD sem crase?

     O título deste blog foi pensado há muito tempo, desde que a proposta de criá-lo surgiu como um desafio profissional em meu curso de pós-graduação. Professora de Lingua Portuguesa há 11 anos, convivo diariamente com a gramática e suas regras por vezes incompreensíveis, mas que merecem uma leitura mais profunda e até carinhosa. A expressão "educação a distância" parece, inicialmente, pedir crase: o a é uma preposição, a palavra que o sucede é feminina, logo parece um caso clássico de uso da crase. Entretanto, alunos mais atentos lembrarão de uma regra valiosa: as palavras casa, terra e distância, quando não determinadas, não pedem o uso da crase para indicar a preposição.
     Esclarecida a regra, vamos pensar nesta expressão do ponto de vista semântico, visto não ser este um blog de dúvidas gramaticais. Qual o real significado desta "distância"? Quais seus reflexos do ponto de vista educacional? Que vantagens e desvantagens traz para o estudante? Seria a distância física um empecilho para o aprendizado?
     Primeiramente, vamos pensar na definição atual de EAD: processo educativo em que a aprendizagem é realizada com a separação física-geográfica e/ou temporal  entre aluno e professor. Este é um conceito básico, que não nos permite ver que EAD é um conceito pedagógico muito mais complexo, que será discutido neste blog e estará aberto a sugestões, dúvidas e quaisquer contribuições, com o intuito de pensar a EAD como uma metodologia cada vez mais importante neste mundo tão digital.
     Michael Moore, já em 1972, chamava este espaço de distância transacional, pois sabia não se tratar de simples separação geográfica, ele a via como um espaço psicológico e comunicacional e afirmava haver graus distintos de distância transacional. Por outro lado, para quem é professor presencial e vivencia a sala de aula, há também o que eu chamo, muito particularmente, de "ausência presencial": o aluno está na sala mas não presta atenção, não participa e não intervém no processo. Este paradoxo me levou a expôr minhas reflexões sobre a importância da presença física do professor como determinante no processo de ensino-aprendizagem: não estaremos nós subestimando a competência do nosso aluno ao pensar que ele depende da presença constante de um professor para aprender? 
     Não se trata, em absoluto, de recomendar a extinção da figura do professor, pelo contrário, ele ainda existe na EAD como um tutor, ou seja, a aprendizagem não dispensa um mediador, pois não é uma tarefa simples ou automática, trata-se de uma construção e, como tal, precisa de uma equipe. A intenção deste blog é discutir os diversos aspectos desta metodologia, além de compartilhar informações e promover a interação entre leitores, mostrando, na prática, que a distância não impede a comunicação, interação ou aprendizado do ser humano: se bem conduzida, a aprendizagem ultrapassa quaisquer fronteiras.